The Last of Us – Uma Possibilidade ou Mera Ficção?

Começou como um videogame desenvolvido pela Naughty Dog e posteriormente foi adaptado para uma série de televisão, disponível na plataforma de streaming HBO Max, a série apresenta uma narrativa sombria e comovente que mergulha fundo nas complexidades da condição humana.

Situado em um mundo pós-apocalíptico assolado por uma pandemia devastadora, a história segue a jornada de Joel, um homem endurecido pela tragédia, e Ellie, uma adolescente corajosa e resiliente, enquanto eles lutam para sobreviver em um mundo repleto de perigos e desespero. O enredo aborda temas profundos, como sobrevivência, sacrifício, moralidade e esperança, levantando questões complexas sobre o que significa ser humano em face da adversidade extrema, além das questões biológicas, claro.

Joel e Ellie

Mas vamos ao que interessa, a história, se trata de uma possibilidade ou mera ficção?

Embora a série seja indiscutivelmente uma obra de ficção, sua premissa distópica levanta questões fascinantes sobre a natureza da humanidade, os perigos das pandemias e as consequências devastadoras de nossas ações.

No universo de “The Last of Us”, um dos elementos mais intrigantes e assustadores é a presença de um fungo conhecido como Cordyceps. Inspirado em um fungo real que infecta insetos na natureza, o Cordyceps na historia é uma versão altamente mutada e virulenta que se espalha para os seres humanos, transformando-os em criaturas hostis conhecidas como Infectados.

Na natureza, Cordyceps é um gênero de fungos que possui uma relação complexa e fascinante com seu hospedeiro, geralmente insetos e outros artrópodes. Esses fungos são conhecidos como fungos entomopatogênicos, o que significa que infectam e matam insetos para completar seu ciclo de vida.

O Cordyceps infecta seu hospedeiro através de esporos que são inalados ou ingeridos. Uma vez dentro do corpo do inseto, o fungo começa a crescer e se desenvolver, consumindo gradualmente os tecidos do hospedeiro e se ramificando através de seu corpo. Conforme o fungo se aproxima da fase reprodutiva, ele manipula o comportamento do hospedeiro, muitas vezes fazendo com que ele suba para locais elevados antes de morrer, uma estratégia de reprodução do fungo.

O fungo Cordyceps sp, crescendo no corpo de um inseto.

Quando o hospedeiro morre, o Cordyceps emerge de seu corpo para produzir esporos, que são liberados no ambiente para infectar outros insetos e continuar o ciclo de vida do fungo.

Hoje, o Cordyceps não cresce em temperaturas compatíveis com o corpo humano. As condições internas do corpo humano, que normalmente variam em torno de 36-37 graus Celsius, não são adequadas para o crescimento e desenvolvimento do Cordyceps encontrado na natureza.

A teoria da evolução e adaptação a novas condições ambientais é um tema fundamental tanto na ciência quanto na ficção, e é explorada de maneira fascinante na série “The Last of Us”.

No contexto da série, a ideia de evolução e adaptação é central para a sobrevivência dos personagens em um mundo pós-apocalíptico. Os seres humanos e outras formas de vida são forçados a se adaptar a um ambiente radicalmente alterado, enfrentando desafios como pandemias, escassez de recursos e ameaças de criaturas hostis.

Além disso, o conceito de evolução é representado de maneira mais direta na série através do Cordyceps que é capaz de evoluir e se adaptar para explorar novos hospedeiros e ambientes, demonstrando a capacidade da vida de persistir e se transformar diante de desafios extremos.

No entanto, é importante notar que, na natureza, os microrganismos têm a capacidade de sofrer mutações e adaptar-se ao longo do tempo, o que pode potencialmente afetar sua capacidade de hospedagem e infecção. Contudo, é altamente improvável que o Cordyceps, que tem uma história evolutiva longa e bem estabelecida, adquira repentinamente a capacidade de infectar humanos devido a mudanças nas condições ambientais.

A serie trata o Cordyceps como uma ameaça global, tendo causado uma pandemia que devastou a população humana e levou ao colapso da civilização. Uma vez infectado, o fungo se espalha rapidamente pelo corpo do hospedeiro, assumindo o controle de seu sistema nervoso e alterando seu comportamento de maneiras perturbadoras.

Humanos infectados com Cordyceps apresentados na série

Embora o Cordyceps de “The Last of Us” seja uma criação fictícia, sua representação levanta questões interessantes sobre os perigos potenciais de patógenos emergentes e pandemias. Embora os eventos do jogo sejam altamente dramatizados, eles nos lembram da importância da vigilância e preparação diante de ameaças à saúde global.

Houve várias pandemias ao longo da história causadas por mutações de microrganismos que infectaram humanos. Algumas das pandemias mais conhecidas incluem a Peste Negra, Gripe Espanhola, Pandemia de gripe H1N1 de 2009.

Esses são apenas alguns exemplos de pandemias causadas por mutações de microrganismos que conseguiram infectar pessoas. As pandemias representam um desafio significativo para a saúde pública e a medicina, exigindo respostas rápidas e coordenadas para mitigar seus impactos e proteger a saúde da população.

Além disso, o Cordyceps também serve como uma metáfora poderosa para explorar temas mais amplos, como o medo do desconhecido, a natureza mutável da humanidade e os limites éticos da ciência e da tecnologia.

No final das contas, o Cordyceps em “The Last of Us” é muito mais do que apenas um elemento de enredo – é um símbolo da fragilidade da civilização e da resiliência do espírito humano diante da adversidade.

Leia mais sobre series no Blog Manual da vida!

Deixe um comentário